Quatro poemas de Ana Lúcia Franco sobre amor (ou dor).
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POEMASEGUNDA EDIÇÃO
8/31/20251 min read
Esse teu jeito sem jeito
esse teu modo
de gostar arranhando.
Esse teu toque
que se desfaz
nos poros e
inflama desejos
repletos de abismos.
No teu olhar de esmeralda
vejo corais pontiagudos
que ferem
amansando.
No teu riso de menino
fera ruge ao menor
descuido.
Esse teu jeito
sem jeito
é deserto abrasador
que percorro palmo a palmo
e amo.
......................
O que vai ser de mim?
Diz-me, tu que sabes a resposta.
Ah, loucura que parece sem fim.
Minha cama sem perfume já posta.
Nela deito em segredo e
experimento, tanto e com medo,
uma paixão maior que eu.
Mais viva que fogo de Prometeu.
Cigana sou sim e do teu circo.
Aos oráculos me lanço
e nem ao menos neles alcanço
o porquê de tanto e todo devaneio.
Sinto apenas meu corpo tremer, nua.
E minh' alma, longe, dizer: sou tua.
...............................
Estava além de teus medos:
um índio selvagem, delirante
forasteiro de muitas paragens.
Alem, muito alem de tuas palavras,
experimentei teu silencio
teu vácuo sufocado.
Toquei tua carne,
e abriu-se a fresta,
na qual a única verdade que te resta
ousou gritar meu nome.
Não te ilude com o que nos afasta,
somos um só barro nesta terra que não nos basta.
..........................................
Preciso da tua calma,
percebes?
ou do teu esquecimento,
não importa.
Preciso do tempo
em que me cobrias
nas noites de frio
e não gostavas de
me veres sozinha
solicitavas sempre
a alguém que me
fizesse companhia
não sabias da solidão
que me tecia as entranhas
e na qual eu me
aninhava sem dizer
palavra.
Preciso do tempo
em que teu flanco
era cais, tão largo e
quente e calmo
onde ancorava meus
fantasmas
e os percebia como vultos
à parte do teu
chão: firme, limpo.
Esqueçe
ou venhas mansamente,
sem fazeres barulho
e deixa os chinelos na
soleira e as roupas
na entrada
no meu lar
ando descalça
como monges
e nua como
borboletas.
Ana Lucia Franco é poeta, advogada e escritora. Edita a revista Stella. Tem um livro publicado pela editora Stella: Versinho Lilás e outro a caminho Esbath