Quatro poemas de Alejandra Pizarnik
POEMAQUARTA EDIÇÃO
10/6/20252 min read
TUA VOZ
Emboscado na minha escritura
cantas em meu poema.
Refém de tua doce voz
Petrificada em minha memória
Pássaro preso à sua fuga.
Ar tatuado por um ausente.
Relógio que pulsa comigo para que nunca desperte.
TU VOZ
Emboscado en mi escritura
cantas en mi poema.
Rehén de tu dulce voz
Petrificada en mi memoria.
Pájaro asido a su fuga.
Aire tatuado por un ausente.
Reloj que late conmigo para que nunca despierte.
.....................
O ESQUECIMENTO
na outra borda da noite o amor é possível
- leva-me -
leva-me entre as doces substâncias
que morrem a cada dia em tua memória.
EL OLVIDO
en la otra orilla de la noche el amor es posible
- Llévame -
llévame entre las dulces sustancias
que mueren cada día en tu memoria
..........................
SENTIDO DE SUA AUSÊNCIA
se eu me atrevo a olhar
e a dizer
é por sua sombra unida
tão suave a meu nome
lá longe
na chuva
na minha memória
pelo seu rosto
que ardendo em meu poema
dispersa belamente
um perfume
a amado rosto desaparecido
SENTIDO DE SU AUSENCIA
si yo me atrevo a mirar
y a decir es por su sombra unida
tan suave a mi nombre
allá lejos
en la lluvia en mi memoria
por su rostro
que ardiendo en mi poema
dispersa hermosamente
un perfume
a amado rostro desaparecido.
..........................
MADRUGADA
Desnudo sonhando uma noite solar.
Eu jazi dias animais.
O vento e a chuva me apagaram
como a um fogo,
como a um poema escrito em um muro.
MADRUGADA
Desnudo soñando una noche solar.
He yacido días animales.
El viento y la lluvia me borraron
como a un fuego, como a un poema escrito en un muro.
Alejandra Pizarnik nasceu no dia 29 de abril de 1936, em Avellaneda, cidade da região metropolitana de Buenos Aires. Flora Pizarnik era seu nome de batismo, e seus pais eram imigrantes russos judeus que chegaram à Argentina três anos antes de seu nascimento. Seu primeiro livro de poemas, La tierra más ajena, foi publicado em 1955 e assinado por Flora Alejandra Pizarnik. Em seguida vieram La última inocencia, de 1956, e Las aventuras perdidas, de 1958. Estudou filosofia, letras e jornalismo, porém sem concluir os estudos universitários. Em 1960, mudou-se para Paris, onde viveu durante quatro anos e travou amizade com os escritores Julio Cortázar e Octavio Paz, tendo este último escrito o prólogo de seu livro seguinte, Árbol de Diana, de 1962. Em 1965, após seu retorno à Argentina, publica Los trabajos y las noches. Seus próximos livros são Extracción de la piedra de locura, de 1968, e El infierno musical, de 1971. Em 1972, aos 36 anos, Pizarik morre após ingerir uma quantidade letal de barbitúricos, deixando escrito na lousa de seu apartamento: "Não quero ir/ nada mais/ que até o fundo".