Entre o céu e a terra

Poema de Henriqueta Lisboa

POEMASEGUNDA EDIÇÃO

9/7/20251 min read

Entre o Céu e a Terra

Entre o céu e a terra

que fina que forte

que estranha cadeia.

Tal matiz violáceo

determina a origem

de uma sombra fria.

Ponta a ponta o espaço

prefigura o teto

de um pássaro incerto.


É delícia o gomo

da fruta pendente

no aéreo suspiro.

Faz-se o tronco firme

que ao solo se prende

pelo puro sonho.


A montanha abrupta

dia a dia pesa

no âmago do vale.

Noite longa a lua

descobre no trevo

coração e lágrima.

Contínuo destelo

do corpo para a alma.

Viagem de retorno

da alma para o corpo.

Entre o céu e a terra

que inapta rebelde

tecedura de ouro.

(do livro Obras Completas, I, poesia geral, da editora Duas Cidades).

Henriqueta Lisboa (Lambari, 15 de julho de 1901 — Belo Horizonte, 9 de outubro de 1985) Em 1963, foi a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras. Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Poeta sensível, dedicou sua vida à poesia. Considerada um dos grandes nomes da lírica modernista pela crítica especializada.