As cigarrinhas das três da tarde

Poema de Ana Lucia Franco. Imagem Flickr

POEMAPRIMEIRA EDIÇÃO

Ana Lucia Franco

1 min read

As cigarrinhas das três da tarde


As cigarrinhas das três da tarde

ainda cantam,

já são seis horas

e as venezianas da janela

estão abertas.

Lembra-te que às três da tarde

gostavas de fechar as venezianas

para fingires que era noite -

uma noite tua

e não do tempo

e não da cidade.

Querias estender tua noite

até as três da tarde,

quando as cigarrinhas

faziam barulho nas árvores

cujos galhos roçavam

tua janela.

Eu achava bonita tua lassidão,

e a noite às três da tarde,

muitos anos depois compreendi

que a noite não era da tarde -

a noite era tua.

Poema - Ana Lúcia Franco 2008. Foto: FLICKR (Blamanti)